É melhor ser vil
Se afogar no esquecimento
Do que acreditar nos subsolos de meu peito
Alma chicoteada pelo sentimento
Feridas abertas
Expostas o tempo inteiro
Ouro sem retorno
Sem retorno algum
Lápides entalhadas uma vida inteira
Sem descanso e nem acalento
Quero andar de mãos dadas comigo
Preferir eu mesmo como abrigo
Do que suportar discrepância e as disceptações alheias
Preciso todos os dias de um fulcro
Algo que me jogue pra fora dos meus anseios
Pra fora das minhas entranhas infernais e doentes
Dançar até os pés sangrarem
Migrar para terra de meu templo
Sulcar de bílis
Secretar tudo que me sufoca e me tira o ar
Aprender a galopar em largos passos
Ciente de que o tempo é uno e veloz!
Aprender a olhar o horizonte
E saber sim...que sempre haverá uma só pegada no solo.
Quebrar os vidros embasados
Brindar com a vida
Mesmo que ela não mereça!
Acolher os filhos de meu ventre novamente em meu seio
Segurar nos braços a certeza de que as horas não vão me
beneficiar
Aceitar que as treze luas passaram
E cada uma arrancará de minhas vísceras
Tudo que plantei ao longo de minha via sacra
Me acostumar com os cavaleiros da morte
E tentar cortejá-los ao máximo
Saber da certeza de que resta em mim
Apenas a esperança de me encontrar novamente
Antes dos nervos faciais se romperem
E a anestesia tomar conta do meu riso
Quanto tirava fotos do meu caminhar vadio
Quando olhava fraterno ao vazio
Preciso de outras atmosferas...
Preciso me encontrar comigo
Preciso...
Preciso...
Presciso..
(Samira Hadara)
31/10/2014
Agradecimentos ao artista Carlos Saramago por ter me retratado com profundidade e beleza.
"Nossa busca pela cura, é o que nos cura pra busca, o que nos faz bem pra alma."
(Samira Hadara)